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O jantar de gala da BrazilFoundation

O jantar de gala da BrazilFoundation

Geraldo Samor e Matheus Prado
September 21, 2025
Eventos

NOVA YORK — As paredes do Plaza Hotel estão mais que habituadas ao tilintar de taças e ao tic-tac dos saltos que se repete nas incontáveis solenidades realizadas ali há mais de 100 anos.

Mas ontem, no jantar de gala que celebrou os 25 anos da BrazilFoundation, o burburinho costumeiramente protocolar dos convidados soou um pouco mais trêmulo e embargado.

Com passos cadenciados que não escondem seus 84 anos, Leona Forman — a “leoa” fundadora da BrazilFoundation, que já angariou mais de US$ 50 milhões para projetos sociais no Brasil — subiu ao palco para ser reverenciada e agradeceu a todos os que lhe acompanharam nessa jornada de um quarto de século.

“Agradeço por se fazerem presentes e por compreenderem as necessidades do Brasil,” disse, antes de receber uma standing ovation da plateia de cerca de 400 pessoas, incluindo artistas como Lenny Kravitz, Giulia Be, Matt Dillon, filantropos e gente da iniciativa privada.

A gratidão de Leona foi personificada em um tributo à cantora e empresária Preta Gil, uma velha parceira da organização que morreu em julho, vítima de um câncer.

Sobrinha de Preta, Flor Gil não conteve a emoção ao rememorar o legado da tia e ao cantar seu grande sucesso, Sinais de fogo (2003).

Seu Jorge, a grande atração musical da noite, também foi reconhecido por sua trajetória artística e compromisso social ao receber o Global Brazilian Award.

Além de exportar brasilidade com sua arte, o cantor é fundador da Black Service, um espaço de produção cultural dedicado à promoção de artistas negros na indústria musical.

“Há 25 anos eu sinto a presença da BrazilFoundation buscando o desenvolvimento do Brasil; e, também há 25 anos, eu venho peregrinando pelo mundo em busca de repatriar o povo brasileiro no exterior através da música e da arte,” disse Seu Jorge.

Já o Philanthropy Leadership Award — a grande homenagem anual da BrazilFoundation a líderes filantrópicos — foi entregue a Geyze Diniz, a cofundadora e presidente do conselho do Pacto Contra a Fome, uma iniciativa que atua no combate à fome e na redução estrutural do desperdício de alimentos.

O Pacto atua desde 2023 em três frentes: na articulação com diferentes setores da sociedade para conceber políticas que ajudem a acabar com a fome no Brasil até 2030; na consolidação de dados, pesquisas e tecnologias; e no impulsionamento de iniciativas existentes sobre o tema.

Recentemente, o trabalho de Geyze e companhia resultou na aprovação pela Câmara de cinco projetos de lei que tratam da fome no País.

“O governo investe muito em transferência de renda, mas só isso não resolve. Precisamos fortalecer a luta contra a fome com leis, diminuição do desperdício e participação do setor privado. É um problema de todos, inclusive daqueles que não passam fome,” Geyze disse ao Page9, do Brazil Journal

Segundo ela, se os empresários olhassem para a realidade dos seus funcionários, “metade do trabalho estaria feito”. Isso porque existem muitos brasileiros com carteira assinada que não ganham o suficiente para se alimentar de forma saudável.

“O maior desafio é a conscientização. Outro exemplo: se eu peço doações para comprar cestas básicas, como fizemos na pandemia, as pessoas ajudam porque enxergam para onde o dinheiro está indo. Se eu disser que o dinheiro é para manter uma organização que busca criar mudanças estruturantes, é mais difícil.”

Na mesa de Geyze, estavam a galerista Nara Roesler, o artista plástico Rodolpho Parigi, e a geneticista Lygia Pereira.

A BrazilFoundation homenageou ainda a Filha do Sol, uma organização do Piauí que recebeu o Social & Environmental Impact Award por seu trabalho na área de justiça climática, e 25 outras entidades com as quais colaborou nos seus 25 anos de história.

Depois das homenagens, os convidados puderam mostrar seu apoio à filantropia no tradicional leilão do New York Gala, incluindo obras de Kobra e Vik Muniz, uma raquete assinada pela tenista Aryna Sabalenka e uma experiência no trio elétrico de Ivete Sangalo.

O certame angariou R$ 5 milhões.

No fim da festa, o povo de black tie dançou ao som de Seu Jorge e do DJ Gaspar Muniz.

O evento teve apresentação de Ingrid Silva e Hugo Gloss, gastronomia de Morena Leite, a chef do Capim Santo, e patrocínio master da Sol de Janeiro, uma marca de beleza inspirada no Brasil que foi comprada pela L’Occitane em 2021. 

Paula Bezerra de Mello atuou como chair do gala, e as co-chairs foram Andrea Dellal, Lady Ella Windsor, Izabel Olson, Juliana Souza e Suzana Pires.

Passado o shot de endorfina, em meio ao luxo do Plaza e à riqueza de Nova York, restou a cada convidado a lembrança de que a tarefa hercúlea de consertar o Brasil dependerá sempre das pessoas de boa vontade.

As fotos abaixo são de Black3 e Hannah Turner Harts.

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